domingo, 30 de outubro de 2011

►Dia do professor?? Dia do desabafo...◄

        
       Olha, sou professora desde 1991. Entrei para a profissão em primeiro lugar por insistência de minha mãe na época (porque tinha feito o científico e ela queria que eu arrumasse um trabalho). Quando comecei a trabalhar, descobri que realmente gostava de lecionar e que não queria ser outra coisa, além de professora.
      Hoje, não sei se não me veria em outro lugar... trabalhando em outra função... Posso dizer honestamente que estou um pouco decepcionada com minha profissão por diversos motivos... E, por incrível que pareça, o salário não é o que mais me decepciona.
     15 de outubro foi dia do professor; e não tenho motivos para comemorar... Gostaria de fazer do dia do professor o dia do desabafo.
     Estou decepcionada porque não somos valorizados como profissão. Todos dizem que aquele que é professor é aquele  que não deu para nada ("não conseguiu fazer medicina, foi ser professor de biologia...."). Além disso, acha que termos duas férias por ano é puro luxo!!! 
      Estamos "a mercê" da sociedade, porque somos obrigados ( e somos mesmo, pelo Conselho Tutelar, pelo ECA- Estatuto da Criança e do adolescente, pelas bolsas(escola, família), pela inclusão...) a aguentar alunos dentro de sala que não querem estudar. Só vão para a escola para comer, brincar e bagunçar a sala; atrapalhando a nossa aula. E o que nos ratifica o direito de dar uma aula com paz e decência??? A Constituição? "Balela pura"! Além disso, ainda existem os pais desinteressados (que são a maioria) que não querem saber do aprendizado do filho, que não participam de nenhuma reunião, que não ajudam nas tarefas escolares, que só querem que o filho seja frequente para receber a bolsa escola (e outras bolsas...) e que quando são chamados à escola ficam com raiva, dizendo que estão perdendo o tempo deles e achando que os professores não tem o que fazer. Melhor: eles não são pais e mães; são apenas progenitores... 
      Fora a violência que entrou para as escolas. Trabalhamos com medo. Medo do que possa acontecer com a gente ou com nossos alunos.
     Diante de tudo que descrevi, acontece frequentemente as doenças profissionais: de voz, de esforço repetitivo, de stress, de depressão... E ainda acontece o seguinte: professor que adoece e/ou falta na escola é tido como mau profissional. Mesmo a sua empresa garantindo a sua falta, você corre o risco de no ano seguinte nenhum professor querer trabalhar c você, porque você falta demais...e eles vão ter que ficar na sala te substituindo, perdendo o horário de estudo ( horário em que fazem tudo, menos estudar). Então podemos dizer que sofremos bulling também: professores que excluem professores que faltam muito; professores que excluem professores que gostam de lecionar e fazem coisas diferentes com os alunos dentro e fora de sala (dizendo que " esses querem aparecer")... e por aí vai...
      E temos também a seguinte situação: a de professores que não dão aula. Entram para dar aula de Matemática por exemplo e levam os alunos para brincar na quadra. E ainda por cima não tem disciplina nenhuma em sala de aula... Quando o professor referência volta para dar a sua aula normal, ele fica mais ou menos uns 40 minutos para colocar uma certa ordem para lecionar... Digo que isso acontece comigo e com muitos professores. Mas a ética profissional faz com que eu não reclame desse sujeito; mas as autoridades competentes (coordenadores,pedagogos, vice-diretores e diretores) na hora da avaliação de desempenho não tem coragem de avaliá-los verdadeiramente. E assim eles continuam na escola e vamos aguentando e fazendo "vistas grossas". Quem trabalha, leva trabalho para casa; quem não trabalha, as pessoas protegem...
      E aí fica a pergunta que não cala: qual vai ser o futuro de quem já é professor e quem vai querer ser professor hoje em dia com baixos salários e altos problemas ????
     


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